Konbawa, mina-san!
Neste domingo ocorreu a 31ª Festa das Cerejeiras no Parque do Carmo, Zona Leste de São Paulo.
Apresentações individuais ou em equipe de grupos de dança, além de grupos de Taiko foram uma das atrações do evento. Porém, como o próprio nome diz, as grandes estrelas da festa eram as Sakura.
Além de bancos dispostos próximos às árvores, muitos oji-san (avô) e oba-san (avó) estiravam esteiras no chão, com intuito de praticar o hanami, tão difundido e milenar na cultura Japonesa.
O hanami significa, literalmente "apreciação das flores", momento no qual as pessoas param para admirar a beleza da flor de cerejeira. Para se ter uma idéia, o hanami ja era apreciado no período Nara (710 - 794), mas com ameixas, sendo o imperador Saga (786 - 842) quem determinou o primeiro hanami de sakuras no jardim do palácio imperial, em Kyoto, após observar a nobreza e fugacidade das cerejeiras.
A comemoração não limita-se apenas a um espetáculo visual. Há uma forte simbologia, já que a sakura sempre foi apreciada pelos japoneses e faz parte da temática do haiku, ou haikai (poema japonês de 31 sílabas que pode ser declamado "em apenas um suspiro").
O desabrochar da sakura marca, além do início de um novo ano e da primavera, expressa também o fim de um tempo, cujo lembranças ficam marcadas como lições. Nesta data, os japoneses param para repensar a própria vida, dentro do período de alguns dias da floração das cerejeiras, tornando-se apenas galhos após esse período.
Faço questão de integrar aqui este trecho na íntegra, disponível na ACBJ:
"Assim, dizem que as sakura representam, em sua fugacidade, o que há de mais belo e sintético na natureza. Eram associadas à coragem dos samurais, que não temiam a própria morte, posto que sua existência é intensa e fugaz, ao mesmo tempo. Para os poetas, a arte do kendo (espada) e do shodo (caligrafia) estão muito próximas, da mesma forma que a vida e a morte. Durante sua breve floração, as cerejeiras representam, senão, a metáfora da vida – breve, intensa e fugaz."
Para mim, particularmente, foi um déjà vu, daqueles que trazem exatamente o sentido empregado sobre a metáfora da vida: tão breve, de intensidade admirável e tão fugaz quanto um suspiro"... aquele suspiro que dei, com a sensação de já haver passado por aquilo.. chorado e experienciando uma vida que não mais existe fisicamente, mas sua intensidade fora tão grande no passado que me atingiu nessa - atual - existência.
“samazama no / koto oimoidasu / sakura ka na” (quantas memórias / me trazem à mente / cerejeiras em flor). Haikai do Poeta Matsuo Basho (1644 - 1694).
Obrigado natureza, você é o grande amor incondicional que eu nunca saberei dimensionar!
Boa noite a todos, queridos (as).
Ps.: Konbawa, mina-san (boa noite a todos); imagens: arquivo pessoal, tiradas na festa.